domingo, 8 de janeiro de 2017

VIDA DE BADEN POWELL


Hoje fazem 77 anos que faleceu a 8 de Janeiro de 1940. Nossa homenagem ao nosso grande fundador, abaixo um pouco de sua grande história de vida.

 
  



Robert Stephnson Smith Baden Powell, nasceu em Londres, a 22 de Fevereiro de 1857 e foi o quinto dos sete filhos do casal Baden Powell. Seu pai, Reverendo H.G. Baden Powell era pastor da igreja anglicana, sua mãe, Henriqueta Smith era filha do Almirante Wiliam Smith. O pequeno BP conhecido entre os familiares e amigos por Ste, era uma criança magra, nervosa, rosto miúdo, inteligente e esperto.

O pai morreu quando BP tinha ainda 3 anos, ficando a sua mãe com sete filhos para criar: o mais velho com 12 anos e o mais novo somente com um mês de vida.

Henriqueta não se apavorara com esta difícil missão, assumindo o papel de mãe meiga, mas ao mesmo tempo enérgica e forte. No tempos livres ela gostava de levar os filhos a passear pelos bosques, explorando a natureza e descobrindo em conjunto os segredos dos animais de das plantas. Entregou a cada filho uma porção de horta para que a cultivassem; depois todos comiam o que cada um produzia.  O irmão mais velho de BP, Warington, era muito aventureiro levando muitas vezes o jovem Ste com ele. Recorda BP: “...à noite acampávamos ao ar livre e cozinhávamos as nossas refeições, adquirido os víveres nas fazendas e nos lugares por onde passávamos ... também pescávamos muito ”. BP regressava de férias com os joelhos arranhados, com calos nas mãos e os músculos fortalecidos, mas sobretudo com muitas aventuras vividas em contacto com a natureza e muitos conhecimentos e recordações da flora e da fauna da região.

Logo na escola primária BP escreve a seguinte frase “Quando for grande farei com que os pobres sejam tão ricos como nós, eles devem, como nós, ter o direito à felicidade”.

Mais tarde Ste ingressa na escola de Chaterhouse (1870), em Londres. BP era um aluno médio, mas com grande propensão para o desenho, teatro, desporto (futebol) e ciências naturais. Ste, adorava passar horas a fio na pequena mata de Chaterhouse a observar e conviver com os animais e com as plantas.

O director do colégio afirmava “este rapaz vale mais do que o seu trabalho de classe faz supor”

Terminado o colégio BP tinha que escolher uma carreira. Com 19 anos sonhava com novas aventuras e viagens, quis por isso ser missionário; sua mãe foi claramente contra e conseguiu convence-lo a não o fazer. Robert escolhe então a carreira militar.

 
 


No exame de admissão para o exército, entre 700 candidatos, foi classificado em 2º lugar para cavalaria e em 4º lugar para infantaria. Devido a esta brilhante classificação ficou isento de treino militar. o que lhe deu dois anos de avanço.

Em 11 de Setembro de 1876, Baden Powell foi nomeado Sub-Tenente (Alferes) do regimento Hussards nº 13 que cumpria uma missão na Índia. Em 6 de Setembro do mesmo ano já estava em Bombaim.

O seu desempenho neste regimento foi bastante bom e em 1883, com apenas 26 anos foi promovido a capitão.

Em 1886 partiu para a Rússia com o seu irmão, oficial da polícia escocesa, para serviço de espionagem militar, onde viveu inúmeras aventuras, tendo inclusivamente experimentado o cativeiro, do qual conseguiu escapar.
Em 1887, os Zulos revoltam-se e BP, nesse momento na África do Sul é escolhido para acompanhar o Major McKean numa missão com o objectivo de socorrer os ingleses e esmagar a revolta dos Zulos. Nessa sangrenta batalha com os Zulos, BP jamais esqueceria o INGONYAMA (o célebre coro dos zulos em marcha) e para sempre ficou marcado por aquele enorme massacre, onde a nobreza e a coragem dos zulos foi impotente contra o poder bélico britânico.
Os feitos e as aventuras militares de BP não pararam, o seu sucesso com  as ferozes tribos dos guerreiros Achantis e com os selvagens Matabeles não deixou ninguém indiferente. Os indígenas tinham-lhe tanto medo que lhe chamaram IMPISA – o lobo que não dorme; por causa da sua audácia, da sua habilidade de explorador e da sua perícia em seguir pistas. As promoções de B-P, eram tão frequentes que em 1899, aos 32 anos era já coronel.

  


“O Cerco de Mafeking”
Em 1899 era grande a agitação na África do Sul. As relações entre os Ingleses e o Governo da república do Transval, tinham chegado ao ponto de ruptura. B-P recebeu ordens para formar dois batalhões de carabineiros montados e dirigir-se a Mafeking, pois afirmava-se que "quem possuísse Mafeking teria nas mãos as rédeas da África do Sul".
Mafeking era uma vilória, mas era um importante ponto estratégico pois possuía uma linha de comboio. A BP foi dada a missão de defender Mafeking dos Boers (colonos brancos da África do Sul de descendência holandesa). Quando começou o cerco desproporção de forças era enorme (1 para 9). Confrontado com esta escassez de efectivos, Robert lembrou-se de utilizar em pequenas tarefas os rapazes e adolescentes a partir dos nove anos. Muitos deles tinhas bicicletas e puderam servir de estafetas, mensageiros para a distribuição do correio, sentinelas e muitos outros serviços, que desempenhavam com coragem e grande risco. Os êxitos destes rapazes entusiasmou Baden Powell. 
Durante 217 dias B-P defendeu Mafeking resistindo ao gigantesco cerco imposto pelos Boers, até que no dia 18 de Maio de 1900 lhe chegaram reforços. A cidade nunca foi tomada. BP era agora um herói militar conhecido em toda a Inglaterra. Com este retumbante sucesso, Baden Powell foi promovido a  General com apenas 43 anos de Idade (O general mais novo do império).

   


Foi como herói de homens e de rapazes que em 1901 regressou da África do Sul à Inglaterra, para ser cumulado de honrarias e para descobrir, com grande espanto seu, que a sua popularidade se estendera ao seu livro "Aids to Scouting", destinado ao exército. Estava a ser usado como livro de texto nas escolas masculinas.
B-P viu nisto um chamamento especial. Compreendeu que tinha agora excelente ocasião para ajudar os rapazes da sua pátria a converterem-se em jovens fortes. Se um livro sobre exploração destinado a homens havia atraído tanto os rapazes, quanto mais os atrairia um livro escrito para eles.
Pôs mãos à obra, aproveitando as suas experiências na Índia e na África, entre os Zulos e outras tribos selvagens. Reuniu uma biblioteca especial de livros, que leu, a respeito da educação dos rapazes através dos tempos – desde os Espartanos, antigos Bretões, Peles Vermelhas, até aos nossos dias.
Lenta e cuidadosamente B-P foi desenvolvendo a ideia do escotismo. Para ter a certeza de que daria resultado, no verão de 1907 levou consigo um grupo de 20 rapazes para a Ilha de Brownsea, para realizar o primeiro acampamento escotista de todos os tempos. Este acampamento foi um grande êxito.

A seguir nos primeiros meses de 1908, publicou em seis prestações quinzenais, ilustradas por ele próprio, o seu manual de instrução Escotismo para Rapazes, sem imaginar que este livro iria desencadear um movimento que haveria de afectar os rapazes do mundo inteiro.
Mal Escotismo para Rapazes começara a aparecer nas livrarias e nos quiosques, começaram a surgir patrulhas e grupos escotistas, não apenas na Inglaterra, mas em muitos outros países.
A obra cresceu cada vez mais e em 1910 tomara já tais proporções, que B-P, compreendeu que o escotismo ia ser a obra da sua vida. Teve a visão e a fé de reconhecer que poderia fazer mais pela sua pátria educando os jovens formando-os como bons cidadãos, do que instruindo alguns homens para serem bons soldados.
Abandonou o exército e embarcou na sua segunda vida, como ele lhe chamava – vida de serviço para o mundo por meio do escotismo.
A sua recompensa teve-a na expansão do escotismo, no amor e no respeito dos rapazes de todo o mundo.
Em 1912 empreendeu uma viagem à volta do mundo para visitar os escoteiros de muitos países. Foi este o primeiro começo da fraternidade mundial escotista. Em 1920, reuniram-se em Londres, vindos de todas as partes do mundo, muitos escoteiros para formarem a primeira reunião internacional escotista – o primeiro jambori mundial.
Na última noite desse jambori, em 6 de Agosto de, B-P, foi proclamado e aclamado Escoteiro Chefe Mundial.

No dia em que o movimento escotista fez 21 anos de idade, contava mais de dois milhões de membros, em praticamente todos os países do mundo. Nessa altura B-P recebeu do seu rei Jorge V, a honra do baronato com o nome de Lord Baden-Powell of Gilwell…Todavia para os escoteiros será sempre "B-P Escoteiro Chefe Mundial".
O primeiro Jambori mundial, foi seguido de muitos outros. Mas os jamboris foram apenas parte do seu esforço para constituir a fraternidade mundial do escotismo. B-P viajou muito em prol do escotismo, correspondia-se com os dirigentes escotistas de muitos países e continuava a escrever sobre assuntos escotistas, ilustrando os seus livros e artigos com os seus próprios desenhos.

Quando finalmente, chegado aos 80 anos as forças lhe começaram a faltar, voltou para a sua terra amada em companhia de sua esposa, que fora colaboradora entusiástica de todos os seus trabalhos e que além disso, era chefe das Guias – Obra também criada por Baden-Powell.
Instalaram-se no Quénia, num lugar tranquilo, com uma magnifica perspectiva de milhas de florestas e montanhas cobertas de neve.
Aí faleceu a 8 de Janeiro de 1941 – pouco mais de um mês antes de completar 84 anos.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Tema Anual 2017: Escotismo & Desenvolvimento Sustentável

“Quaisquer que sejam as suas outras diferenças de opinião, todos parecem concordar pelo menos neste ponto e todos o consideram de primordial importância – a Educação para a Cidadania. “
Robert Baden-Powell, em Caminho para o Sucesso.
Ao longo de sua existência, o Escotismo tem se preocupado em incluir, entre os conceitos que utiliza para propor o Programa Educativo e suas ações institucionais, as mais prementes e atualizadas questões que alcançam a sociedade. Não por outra razão, desde seu início, o Movimento Escoteiro tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da cidadania ativa, para a qualidade de vida das pessoas e para a promoção da paz.
Nas últimas décadas o Movimento Escoteiro mundial adotou, como parte da sua marca, a expressão “construindo um mundo melhor”, sintetizando seu propósito de contribuir, como resultado do seu trabalho educativo, para a arquitetura e implementação de um mundo em que todos possam viver de modo digno e produtivo.
Dentro desse espírito, o próprio Baden-Powell, fundador do Escotismo, teve a preocupação de mantê-lo continuadamente atualizado em forma e conteúdo, garantindo a condição de “movimento” ao Escotismo, tornando-o capaz de atender às mais diversas características e particularidades.
Entendia, Baden-Powell, a necessidade de promover uma educação transformadora, como escreveu no livro “Guia do Chefe Escoteiro”, quando afirmou que “este é, portanto, o mais importante objetivo do treinamento escoteiro – educar; não simplesmente instruir (pense bem nisto!), mas educar, isto é, levar o jovem a aprender por si próprio e voluntariamente tudo aquilo que contribua para forjar seu caráter. ”.
Já há alguns anos nossa civilização deu-se conta de que era urgente cuidar melhor de nosso planeta, vítima de contínua exploração e prestes a entrar em colapso. Temas como poluição do ar, desmatamentos, tratamento de resíduos, reciclagem e reutilização, acesso à água e aquecimento global, entre outros, começaram a ser discutidos dentro de uma proposta visionária de desenvolvimento sustentável. Estes temas já faziam parte do escopo trabalhado pelo Movimento Escoteiro, de modo que foi natural incorporá-los no Programa Educativo, incluindo esses conteúdos nas competências cuja aquisição propõem para seus jovens.
Por outro lado, o Escotismo foi pioneiro na conscientização sobre as questões de meio ambiente e utilização adequada dos recursos naturais, realizando em todo o mundo atividades ao ar livre sem impacto ambiental, deixando o local utilizado em melhores condições do que foi encontrado. Além disso, desde os anos 80 desenvolve com mais ênfase eventos que pretendem contribuir para melhorar o meio ambiente e produzir consciência sobre sustentabilidade. Assim, quando as Nações Unidas lançaram os Objetivos do Milênio, no início desse século, os escoteiros somaram-se a este esforço de imediato, por total afinidade de princípios
Agora, quando um novo plano é lançado pela ONU, com “a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável”, incorporando 17 objetivos muito mais abrangentes, visando fortalecer a paz e a liberdade, erradicar a pobreza e oferecer uma nova perspectiva econômica, social e ambiental para o planeta, mais uma vez o Movimento Escoteiro responde ao convite de forma positiva.
Nossa forma de ajudar a construir um mundo melhor é contribuindo para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, como principais autores e atores de suas histórias. E isso é feito oferecendo aprendizagem pela ação, ou seja, os jovens que praticam Escotismo adquirem conhecimentos, habilidades e valores a partir das experiências que vivem por meio das atividades que participam. Assim, nossa maneira de concorrer para o êxito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é criando oportunidades para que os jovens adquiram, pela vivência, as competências que lhes permitam participar da edificação do mundo que queremos construir.
Nesse ano de 2017, apoiados pelo tema “Escotismo & Desenvolvimento Sustentável”, os Escoteiros do Brasil irão orientar todas as suas ações, atividades e eventos, para proporcionar aos seus membros juvenis e líderes adultos essas importantes experiências. Nesse sentido, além de manter nossos programas educativos atualizados e atraentes, institucionalmente nossos principais alvos serão três eventos de caráter nacional, a saber:
• 1º EducAÇÃO ESCOTEIRA, a ser realizado no dia 20 de maio, com o tema “Desenvolvimento Sustentável”, quando os grupos escoteiros e seções autônomas realizarão, em escolas públicas e privadas em todo o Brasil, ações que proporcionem tanto aos jovens como aos estudantes e comunidade, experiências que possam contribuir na conscientização das possibilidades que existem para mudar realidades desfavoráveis e alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável. Essas atividades buscarão aplicar, de forma prática, conteúdos que se relacionam com os parâmetros curriculares do segundo ciclo do ensino fundamental.
• 26º Mutirão Nacional Escoteiro de Ação Ecológica (MutEco), a ser realizado dia 3 de junho, quando os grupos escoteiros e seções autônomas aplicarão atividades, a partir de um conjunto sugerido, envolvendo as comunidades de entorno, orientados pelos temas de proteção do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Este é um evento já consagrado, que envolve anualmente dezenas de milhares de escoteiros e brasileiros beneficiados.
• 19º Mutirão Nacional Escoteiro de Ação Comunitária (MutCom), a ser realizado em 16 de setembro, com centenas de grupos escoteiros e seções autônomas desenvolvendo ações em suas comunidades, objetivando contribuir com seu desenvolvimento, melhorando condições de vida das pessoas e dos ambientes em que vivem. Também já é um evento consagrado, com dezenas de milhares de jovens participando e beneficiando muitas comunidades em todo o país.
Como uma força vibrante e relevante em cada comunidade onde está presente, o Movimento Escoteiro poderá ser instrumento de construção do futuro almejado, seja pelo processo educativo que alcança cada jovem, transformando-o em agente de melhorias e participante ativo em sua comunidade, seja pelo trabalho de mais de 1,2 mil grupos escoteiros beneficiando a sociedade e ajudando a formar uma consciência coletiva comprometida com o desenvolvimento sustentável.
Todos sonham com um mundo mais justo, solidário, seguro e pacífico, com uma sociedade inclusiva e sem desigualdades, sem pobreza e sem fome, com saúde e bem-estar para todos, em que a educação seja acessível a todos, no qual se protejam os recursos naturais e se promova crescimento econômico sustentado. Para que isso não se mantenha apenas como utopia e torne-se realidade, é necessário a soma dos esforços de cada um e de todos, acreditando que isso é possível.
Os Escoteiros do Brasil estão dispostos a fazer sua parte, pois acreditam que podem fazer diferença, tal como já deixou registrado Baden-Powell, em 1920, no livro “Guia do Chefe Escoteiro”:
“Em todos os países, a finalidade do treinamento escoteiro é idêntica e resume-se em eficiência no serviço ao próximo. Com um objetivo comum de tal natureza, podemos seguir avante e, construindo uma fraternidade universal do serviço, realizar uma obra de grande amplitude.”.

Fonte: http://www.escoteiros.org.br/